quarta-feira, 1 de maio de 2013

Natureza ou humanidade! NATUREZA.


   Este toco de eucalipto parece um designe elaborado, mas na realidade não passa dum tronco decepado, pronto a apodrecer sem remissão cem anos depois de ter nascido. Doi-me o coração ao ver isto, porque a árvore não foi derrubada com o intuito de servir para alguma coisa; foi, pura e simplesmente, removida para... o quê? Plantar outras mais bonitas no seu lugar? Ganhar uns trocos com a sua madeira? Abrir espaço para projectos futuros de urbanização? 


  Este pinheiro que vemos aqui está condenado. Ao retirarem o apoio florestal que lhe dava segurança, vai acabar por cair com a Nortada violenta que veio novamente para nos atormentar este ano, e decerteza nos próximos. Já vi de tudo nesta Quinta de D. António, mas isto é o cúmulo da insensibilidade Quando tanto se fala no aquecimento global e da desflorestação desenfreada com fins lucrativos, estamos ao nível dum país do terceiro mundo, onde quem pode rouba tudo o que pode e depois parte para melhores climas com os bolsos cheios à custa do património dos indígenas. Somos indígenas estúpidos e ignorantes perante estes factos?


Esta passagem já era. Aliás, tudo nesta área está a ser recreado (depois de destruído). Já nem um passeio de domingo decente se pode ter por estes lados. Receio mesmo que mais cedo ou mais tarde tudo isto seja invadido por máquinas e cimentado, para os caretas não sujarem as sapatilhas. À bruta, como se pode ver nas árvores partidas pelo meio à esquerda: morlock, o monstro de ferro, come tudo que respire à superfície da Terra. A BESTA.


   Esta imagem é um pálido exemplo do que existia do outro lado da cerca desta propriedade privada, porque mesmo aqui muito foi derrubado e destruído ao longo de décadas. A quinta de D. António era uma reserva natural tão densa que a luz mal penetrava a copa das árvores, e a prova da riqueza natural destas terras era a presença de milhafres na área, quando eu era puto. Agora vejam o outro lado da cerca.


   Esta pilha de destroços não era vem aquilo que queria mostrar (tenho fotografias muito mais elucidativas da destruição ambiental) mas serve como amostra. Quem dantes vinha para aqui no Verão atrás de uma boa sombra, desista. Vai acabar por sufocar dentro do carro enquanto faz a sesta.


Este eucalipto não incomodava nada nem ninguém, mas alguém teve a ideia de o abater, como um impecilho paisagistico? Era um velho amigo meu, à sombra do qual passei bons momentos na minha juventude. Agora está morto, às mãos de gananciosos sem escrúpulos nem alma. Foda-se. Fervo de raiva (mesmo desconhecendo os interesses que estão por detrás deste tipo de progresso). Uma coisa é certa. Esta geração vai engolir muito pó, quando quiser vir curtir para aqui. E o melhor é trazer um livro para passar o tempo, porque a paisagem não é propriamente bela nem convidativa. Agora vou jantar (sem ter acabado o meu artigo).