sexta-feira, 28 de novembro de 2014

CINEMA


A imagem em movimento é como uma droga, sobretudo se for muito colorida. 
   Tal como os canídeos, reagimos ao movimento, e a curiosidade é uma das chaves de sucesso do Ser Humano (e do macaco). Eu bem queria ver se fugia a isso, mas sou tão macaco como um Orangotango. Só não sou ruivo. 
   A fotografia e o cinema são vícios da minha família, sobretudo do meu pai. Quando era bebé e depois criança, muitos eram os sábados à noite (e outras noites) em que ficávamos ao cuidado da minha avô para eles irem ao cinema tranquilos. Quando nasci dormia na sala, e via televisão só com um olho deitado na cama. Também só havia um canal a preto e branco e fechava às dez da noite. Fui um felizardo.
55 anos depois sou outra coisa. "Agora" sou o alquimistacibernetico@gmail.com, o que quer dizer que estou na idade dos computadores, onde tudo é possível, e o mundo está todo lá dentro (na minha perspectiva - 12%), longe de o ser, mas a caminho. 
   Na prática, este tipo de tecnologia é o que mais se vende actualmente. No entanto há coisas de acesso grátis; informação global dos amigos (e dos amigos dos amigos), e das sete artes em geral (com sorte e habilidade) - música, cinema, TV, documentários... 


O curso demora quatro anos a tirar, mas só tive acesso a uma bolsa de metade; o resto está inacessível ainda. De qualquer maneira já é muito filme: perto de quinhentos DVD´s com quatro cada. Eventualmente mais tarde pesco a outra metade - para curtir, e passar o tempo frio a ver o planeta onde nasci; quem cá vive e viveu, e o rumo que isto leva para o futuro. 
   Acabei de ver X,Y,Z com Elizabeth Taylor e Michael Caine, com muito má qualidade de imagem e sem legendas, antes de ligar a aparelhagem e me pôr a cantar Espinho - A cidade mais peripatética do Universo, até empancar (psicologicamente). Ainda não foi desta (pudera): com quatro páginas de texto não vai à trac. A este ritmo tenho filmes para dez anos, mas na verdade o verdadeiro frio ainda não veio; curiosamente demora a vir, para ser mais concreto. Este ano está quente, demasiado para as nossas necessidades. Daqui a dois dias começa Dezembro, e o aquecedor continua na garagem.

 
Quando surgiram os clubes de vídeo eu ainda não estava suficientemente desperto para o que viria a seguir, e foi, abrir um a cem metros de minha casa - do Eric, um Holandês casado com uma Portuguesa. Ao mesmo tempo o meu cunhado conheceu um vizinho maluco no prédio novo para onde se mudou e surgiu o Gaspar, um segurança-nocturno numa fábrica, perito em pintura da Ponte de D. Luis e computadores (programação, programas, sistemas...). O Gaspar instalou o descodificador e o Eric alugou os filmes, até fechar a loja. Até um ou dois filmes Holandeses clássicos sem legendas ele me emprestou, fora o resto. Gajo porreiro. A mulher é que era uma bruxa.
Quando o Clube Hollywood fechou (do Eric) passei para o de Lamas, e claro, rapei os filmes que me interessavam até fechar. Até originais comprei a dois euros, mas fiquei triste. Pensava que estava lixado e não tinha acesso a mais nada, quando descobri em Espinho outra loja quando num dia  fui comprar uma lâmpada e a vi. Como ficava longe de casa a logística foi apertada, mas com tempo e dinheiro saquei tudo o ela tinha a meu gosto, até fechar. O dono tinha dito que tinha outra loja em Esmoriz: fui a Esmoriz atrás dela, mas quando lá cheguei já era... Fui também ao clube do S.Pedro, em frente à linha da CP de Espinho, mas os donos eram tão caretas e esquisitos, que só de olhar para a cara deles me dava náuseas; fora o facto de tentarem fazer de mim parvo - campónio (ou qualquer coisa do género). Que parôlos estúpidos. Não tiveram direito a nada.
As bibliotecas são a salvação seguinte.
   Já não me lembro bem se alguém me disse, ou eu fui visitar a biblioteca atrás de enciclopédias sobre flores (para as catalogar). O que é certo é que vi prateleiras cheias de filmes e passei-me. Cinema e concertos de musica. Ihi....God-zut. Maravilha.      Inscrevi-me imediatamente e inscrevi a mulher, para poder levar o dobro de livros e filmes, e vai agora. O Clint Eastwood que o diga. Isto em Santa Maria da Feira. A loja que fornece material para o meu trabalho fica a cem metros de distância da biblioteca. Conveniente, não? 
Mas tudo se acaba (também não durou muitos meses), até ser substituída pela de Espinho, durante outros tantos, e shau.
Em princípio, quando se olha para uma prateleira recheada como esta, parece que temos filmes para toda a vida, mas isso é treta. Há ali filmes que já vi três e quatro vezes, mas como tenho uma memória fotográfica hiper-activa, basta-me ver uma vez com atenção para nunca mais esquecer. Claro que tal benefício não é tão favorável como parece: tenho de andar continuamente atrás de novidades, para me entreter e levar a vida. 
Uma coisa leva à outra, e com a ajuda do Gaspar saltei para a Internet, para o mundo da informação e do conhecimento (mais ou menos) disponível, e com a ajuda dos meus apontamentos arquivados de consultas antigas à história do cinema, à espera de poderem germinar (como uma semente - do conhecimento) passei à acção através do Pirate bay (e se acreditasse em Deus diria - graças a Deus, pela Baía dos Piratas), o servidor mais louco do planeta. God bless the Pirate bay.
E aqui estou, sempre insatisfeito (como um macaco) à espera da nova novidade, numa odisseia sem fim.







segunda-feira, 17 de novembro de 2014

                                    VEM AÍ O FRIO

   Parece que estou finalmente a acabar de descarregar filmes clássicos através da internet para consumo caseiro. Dezenas ou centenas de horas de pesquisa, recolha de dados em várias línguas e abordagem ao sistema depois, durante anos, está na altura de sentar o traseiro e curtir a 7ª. arte. 
   Neste momento está a acabar o filme dos "The Who" - the kids are alright - e by Job. Hoje em dia as pessoas são feitas de merda, sem músculo nem genica, criatividade e loucura. 
   Comparo a gente moderna a bacalhaus - secos ou mais graúdos, demolhados ou insípidos - tesos. Nostalgia do Natal que se aproxima?
   10 pacotes de cinquenta, a multiplicar por uma média de 4, dá 2000. Eventualmente será essa quantia que estou pronto a usufruir na intimidade do lar durante o Inverno. Terror, ficção, farwest, comédia, musica, história, costumes... Quantos... Sem grande custo. Claro que nem tudo é um mar de rosas. Traduções, qualidade e calibre da imagem no monitor, o assédio permanente de gajas a tirar a roupa no canto direito do écran (um incómodo estúpido que não consegues apagar) e a seca habitual com a rede, às vezes rápida, e outras... (apetecia-me dizer uma asneira). Dou muito valor ao tempo, e o computador é um ladrão desse valor.
   Sei por natureza que o cinema não é para toda a gente. Como a literatura. A maior parte das pessoas quando começa a ler um livro, ou a ver um filme, passados vinte minutos está a bocejar, a cabecear, e acabam por adormecer (mesmo que não queiram). 
O cérebro e o corpo delas, quando atinge certos valores de fadiga ou desgaste físico, vai abaixo, apaga-se automaticamente. 
   Filmes que me passaram pelos olhos: As nove vidas do gato Fritz, Tarzoon - a vergonha da selva, alguns filmes com a Marlene Dietrich, as divas Italianas e... É ingrato abordar com justiça semelhante monólito de som e imagem como a odisseia do cinema. O mundo, nesse capítulo, é grande, e vai da China ao Hawai. Adoro sobretudo os clássicos Asiáticos Indianos, Japoneses, Coreanos e Chineses, sobretudo. Mas há muito mais. Os filmes de desenhos animados, Moebius e outros, e a ficção da Marvel de Stan Lee, com a tropa de heróis improváveis todos poderosos - Hulk, Homem-aranha, Ex-men... E mais cinquenta, entre heróis e vilões. 
   Partindo do princípio que cada filme demora à volta de hora e meia a ser visto, bem... 2000 filmes, 2 500 horas de visualização no cadeirão. Isso em dias dá quê! 100 dias não stop? Nada do outro mundo. É preciso é que as costas aguentem.
   Mas a vida não é só feita de filmes. Também o é de programas, e o meu canal de referência hoje em dia é o NHK, Japonês. É o que está a dar com qualidade, bem gosto, novidade e exotismo. Infelizmente tenho que dizer que os canais temáticos mais carismáticos, como o Odisseia, a National Geografique, blá-blá, não valem nada nos dias que correm. Demasiada violência (mil maneiras morrer) e outras incongruências com actores demasiado visíveis para as cenas que estão a gravar, e para os quais não tenho pachorra nem paciência. 
   Isso talvez por ter prateleiras repletas de DVD´s com esse tipo de programas, gravados há anos, quando tinham qualidade, em vídeo, e depois regravados para digital. Podia (e devia) deitar o cabo abaixo durante pelo menos dois ou três anos para curtir os meus arquivos, muito mais interessantes do que o que está a passar agora.
Agora falemos doutra coisa: de musica, para não variar. Não da musica dos outros, da minha. 
   A musica que está a dar na rádio neste momento não vale um caralho: Batida, Noiseheart, e outras bandas esquisitas ou pimponas, de gajas com vozinhas mimalhas (muito na moda - os filhos mandam nos pais) Brasileiras e Angolanas. Depois de séculos de colonização, chegou a hora de ser colonizado pelos pretos e indígenas da Amazónia. Colonizado e comprado. 
   Os pretos de Angola e os Chineses estão a comprar tudo, com dinheiro de origem duvidosa. E pela primeira vez na história da democracia, responsáveis envolvidos em negócios mafiosos estão a ser postos na balança da justiça (e a verdade seja dita) já não era sem tempo. 
   O tempo tem estado irreconhecível, sempre a mudar, com variações violentas de temperatura e aspecto no céu, com formatos de nuvens que nunca vi por cá. O mar também está a subir, e só é travado à pedrada, com milhões de toneladas de rocha na praia. Mesmo assim, agora que o Inverno está a bater à porta, os vareiros de Paramos que falem sobre as noites de terror por que passam, quando vêm as marés vivas acompanhadas por tempestades diluvianas, roncando de forma tão vigorosa que ouço o som aqui em minha casa, a mais de cinco quilómetros de distância: até escrevi e compus uma musica sobre isso - "Raios e coriscos" - é como se chama. Embora preferisse chamar-lhe "Ragnarock", expressão da ferocidade do gigante Adamastor mal-humorado na junção de dois oceanos. 
   A praia, como a conhecíamos, vai desaparecer do mapa a breve trecho. Mais de metade já foi à vida, e é ver os foliões a monte, quase uns em cima dos outros, por falta de espaço, imagem que me faz lembrar uma pequena colónia de leões marinhos em cima duma rocha a apanhar sol, assediados por outros que também querem subir mas são facilmente repelidos. No caso dos humanos, é a colocação das toalhas demasiado juntas, de tal maneira que uma pessoa quer deslocar-se e não pode (a menos que lhes passe por cima) bloqueando o acesso à saída, numa falta de educação evidente e tipicamente Portuguesa - a comentada falta de civismo.Além de ter sido o ano da virologia pura, também o foi no Sol e no Mar. No caso de Sol receio que o buraco de Ozono esteja escancarado, pelo aspecto do céu e das nuvens, e os políticos andam caladinhos nesse assunto. O mar, além de estar a ser o novo servidor de serviço do vento, que mudou de direcção de Norte para Noroeste e traz muito mais humidade que o habitual, provocando uma pluviosidade anormal e de gota grossa.
É possível, na minha modesta opinião, que a Terra possa ter oscilado pelo acréscimo de instabilidade na superfície, isto é, com o aquecimento global e o respectivo degelo acelerado das calotas polares e dos Polos, o mar subiu e continua a subir, havendo assim uma muito maior quantidade de peso líquido a balançar e a fazer pressão na crosta, e toda essa água doce é também muito mais facilmente evaporada pelo Sol, proporcionando o acréscimo de chuva e tempestades a que temos assistido nos últimos tempos. Mas o mais preocupante não é tão evidente, e poucos o vêm. 
   Nas férias deste Verão reparei num pormenor preocupante (aliás, foi a minha mulher que me chamou a atenção para o facto) e é o seguinte: vi ondas a andarem de lado, isto é, em vez de virem na direcção da costa corriam paralelamente a ela. É sabido que o excesso de água doce no mar emperra a engrenagem que faz mover as correntes marinhas, e isso altera drasticamente o clima (o que já está a acontecer). 
   Não sou nenhum profeta da desgraça; estou apenas a assinalar e a apontar factos que a todos dizem respeito (ou deviam de dizer) embora a maior parte das pessoas esteja mais preocupada em ter uma vida boa e o resto que se lixe. Quem cá ficar que se amanhe como puder: sempre foi assim no mundo dos seres de carbono. Queimam muito e de forma indiscriminada, sem prestar a devida atenção ao futuro.
   Às vezes penso se valerá a pena preocupar-me com o mundo onde vivo (o planeta Terra), porque no caso da minha e do país onde moro e trabalho não vale. Não vou dizer porquê (os factos estão à frente do nariz de toda a gente, embora se esforcem por fazer de conta que isso não é verdade, ou se é, é passageiro). 
   Tenho medo do futuro (da acção humana). O homem, em tudo o que toca, destrói. Parece uma criança mimalha e inocente, que faz o que lhe passa pela ideia, irreflectidamente, exageradamente, estupidamente. E tenho ainda mais medo da natureza.
   Em Agosto, o Guimarães deu-se ao trabalho de aparecer cá em casa, depois de o convidar a colaborar comigo na minha musica. Trouxe a guitarra e improvisou como pôde no que lhe era apresentado (contendo algum espaço) para ele poder tocar qualquer coisinha. Malhou no baixo no "Malhão na Serra do Marão", tocou duas pistas de guitarra eléctrica (e dele e a minha) no "Trabalhador independente", mais dois pequenos trechos de solo ao piano, com autorização para o partir, mais uma pista no "Rajastão na Mira". Deve ter gostado da visita e repetiu (com a namorada), o que me deixou muito feliz, ficando combinado que nas minhas próximas composições deixasse espaço para ele tocar, porque vem novamente a casa dos pais no Natal, e estava numa de aparecer para continuarmos a curte. Trouxe também um piano de sopro para me testar a resistência. Apanhou-me de surpresa, mas vai agora. Montei-a, tocamos durante cinco minutos e parei. Ele ficou escandalizado por ter sido tão pouco tempo, mas tocar flauta não é tocar viola. E sou demasiado objectivo para perder muito tempo com trivialidades, brincadeira que está no youtube para quem quiser ver.
   Apanhei o vírus da gripe e estou um tanto ou quanto entupido. Cantei muito durante toda a semana passada em - "Espinho - A cidade mais peripatética do Universo", a pensar no Guimarães, em dois ritmos e bateria diferentes, três pistas, texto complicado (ao princípio) e enviei duas versões ao Guimarães através do facebook. Ainda não respondeu, deve ter andado muito ocupado no fim-de-semana. No princípio do mês enviei-lhe a "roda viva", musica estranhamente religiosa e cheia de efeitos especiais para ele ir digerindo.É o que tenho programado para o tempo que ele poderá dispor para isso (na minha ideia, claro). 
   Apareceu também o filho do Sr.Barros, vidraceiro, interessado nuns discos. É capaz é de não estar interessado no preço, uma vez que ainda não disse nada. A mim também não interessa.
   Se esta galiqueira se libertar da bronquite que me está a querer assolar, estava interessado em começar mais duas musicas - "My blues" em Inglês, e a outra é sobre o meu trabalho na sapataria, ambas a falarem do meu modo de vida. A ideia é ir para a sapataria com o equipamento e gravar o ambiente: martelada, atendimento ao público, som do rádio omnipresente e máquinas (fraise e escovadeira) como material de abertura, e fundo (tapetes mecânicos? - why not). A musica depois se verá, mas bateria a sério vai levar (no estúdio B) e quero que tenha características de hard rock. Neste momento devia de as ter de musica para praticar yoga. Na prática, só há uma semana é que estou a trabalhar em pleno, depois de quase duas de Verão e meses de chuva quase diária, e intensa. Um desastre para a minha actividade, e o calçado Chinês. Agora o forte são sapatilhas, formato desagradável de trabalhar devido à característica dos componentes; tecido, têxteis e napa.
   Como a história já vai longa, fico por aqui. Vou só ver se vejo uma imagem fixe para fechar a porta, e dizer "até breve".