CINEMA
A imagem em movimento é como uma droga, sobretudo se for muito colorida.
Tal como os canídeos, reagimos ao movimento, e a curiosidade é uma das chaves de sucesso do Ser Humano (e do macaco). Eu bem queria ver se fugia a isso, mas sou tão macaco como um Orangotango. Só não sou ruivo.
A fotografia e o cinema são vícios da minha família, sobretudo do meu pai. Quando era bebé e depois criança, muitos eram os sábados à noite (e outras noites) em que ficávamos ao cuidado da minha avô para eles irem ao cinema tranquilos. Quando nasci dormia na sala, e via televisão só com um olho deitado na cama. Também só havia um canal a preto e branco e fechava às dez da noite. Fui um felizardo.
55 anos depois sou outra coisa. "Agora" sou o alquimistacibernetico@gmail.com, o que quer dizer que estou na idade dos computadores, onde tudo é possível, e o mundo está todo lá dentro (na minha perspectiva - 12%), longe de o ser, mas a caminho.
Na prática, este tipo de tecnologia é o que mais se vende actualmente. No entanto há coisas de acesso grátis; informação global dos amigos (e dos amigos dos amigos), e das sete artes em geral (com sorte e habilidade) - música, cinema, TV, documentários...
O curso demora quatro anos a tirar, mas só tive acesso a uma bolsa de metade; o resto está inacessível ainda. De qualquer maneira já é muito filme: perto de quinhentos DVD´s com quatro cada. Eventualmente mais tarde pesco a outra metade - para curtir, e passar o tempo frio a ver o planeta onde nasci; quem cá vive e viveu, e o rumo que isto leva para o futuro.
Acabei de ver X,Y,Z com Elizabeth Taylor e Michael Caine, com muito má qualidade de imagem e sem legendas, antes de ligar a aparelhagem e me pôr a cantar Espinho - A cidade mais peripatética do Universo, até empancar (psicologicamente). Ainda não foi desta (pudera): com quatro páginas de texto não vai à trac. A este ritmo tenho filmes para dez anos, mas na verdade o verdadeiro frio ainda não veio; curiosamente demora a vir, para ser mais concreto. Este ano está quente, demasiado para as nossas necessidades. Daqui a dois dias começa Dezembro, e o aquecedor continua na garagem.
Quando surgiram os clubes de vídeo eu ainda não estava suficientemente desperto para o que viria a seguir, e foi, abrir um a cem metros de minha casa - do Eric, um Holandês casado com uma Portuguesa. Ao mesmo tempo o meu cunhado conheceu um vizinho maluco no prédio novo para onde se mudou e surgiu o Gaspar, um segurança-nocturno numa fábrica, perito em pintura da Ponte de D. Luis e computadores (programação, programas, sistemas...). O Gaspar instalou o descodificador e o Eric alugou os filmes, até fechar a loja. Até um ou dois filmes Holandeses clássicos sem legendas ele me emprestou, fora o resto. Gajo porreiro. A mulher é que era uma bruxa.
Quando o Clube Hollywood fechou (do Eric) passei para o de Lamas, e claro, rapei os filmes que me interessavam até fechar. Até originais comprei a dois euros, mas fiquei triste. Pensava que estava lixado e não tinha acesso a mais nada, quando descobri em Espinho outra loja quando num dia fui comprar uma lâmpada e a vi. Como ficava longe de casa a logística foi apertada, mas com tempo e dinheiro saquei tudo o ela tinha a meu gosto, até fechar. O dono tinha dito que tinha outra loja em Esmoriz: fui a Esmoriz atrás dela, mas quando lá cheguei já era... Fui também ao clube do S.Pedro, em frente à linha da CP de Espinho, mas os donos eram tão caretas e esquisitos, que só de olhar para a cara deles me dava náuseas; fora o facto de tentarem fazer de mim parvo - campónio (ou qualquer coisa do género). Que parôlos estúpidos. Não tiveram direito a nada.
As bibliotecas são a salvação seguinte.
Já não me lembro bem se alguém me disse, ou eu fui visitar a biblioteca atrás de enciclopédias sobre flores (para as catalogar). O que é certo é que vi prateleiras cheias de filmes e passei-me. Cinema e concertos de musica. Ihi....God-zut. Maravilha. Inscrevi-me imediatamente e inscrevi a mulher, para poder levar o dobro de livros e filmes, e vai agora. O Clint Eastwood que o diga. Isto em Santa Maria da Feira. A loja que fornece material para o meu trabalho fica a cem metros de distância da biblioteca. Conveniente, não?
Mas tudo se acaba (também não durou muitos meses), até ser substituída pela de Espinho, durante outros tantos, e shau.
Em princípio, quando se olha para uma prateleira recheada como esta, parece que temos filmes para toda a vida, mas isso é treta. Há ali filmes que já vi três e quatro vezes, mas como tenho uma memória fotográfica hiper-activa, basta-me ver uma vez com atenção para nunca mais esquecer. Claro que tal benefício não é tão favorável como parece: tenho de andar continuamente atrás de novidades, para me entreter e levar a vida.
Uma coisa leva à outra, e com a ajuda do Gaspar saltei para a Internet, para o mundo da informação e do conhecimento (mais ou menos) disponível, e com a ajuda dos meus apontamentos arquivados de consultas antigas à história do cinema, à espera de poderem germinar (como uma semente - do conhecimento) passei à acção através do Pirate bay (e se acreditasse em Deus diria - graças a Deus, pela Baía dos Piratas), o servidor mais louco do planeta. God bless the Pirate bay.
E aqui estou, sempre insatisfeito (como um macaco) à espera da nova novidade, numa odisseia sem fim.