domingo, 13 de setembro de 2015

OUTONO PREMATURO

                           FIM DO VERÃO 



Esta palmeira é a expressão evidente do estado do céu este Verão. Cheio de ultra-violetas chamusca tudo em que pousa, sobretudo se estiver num sítio desabrigado. 
Na verdade, aqui no Norte, quase não houve Verão. A 1ª semana foi boa, depois o tempo virou e ficou encoberto 15 dias seguidos, e quando finalmente voltou foi de pouca dura. Dez dias bons em trinta e um possíveis.


  
Adoro passear pelo campo e ver a natureza no seu melhor todo o ano. 
Estas bolotas de sobreiro são um maná para esquilos. Infelizmente já extintos nesta área, estão a preparar-se para regressar (se deixarem, o que duvido).
Tenho visto é cada vez mais aves de rapina, e hoje ouvi e vi milhafres num local onde já não apareciam à quarenta anos.
Isso quer dizer o quê?



Com a estação adiantada, muitas plantas já estão a dar fruto. Observei que há um grande desperdício com os caprichos do clima, mas vale tudo (como sempre assim foi). 



Estes cogumelos na despensa são impróprios para consumo. Decompõem, inconscientemente, a celulose deste tronco oco, e vão acabar com o tempo por o transformar em pasta de papel, para o pequeno-almoço. 
Na natureza nada se perde: tudo se transforma. - "Lavoisier".



Esta raiz é o conselheiro do dia para mim.
Por muito difíceis que sejam as circunstâncias da vida, há sempre a possibilidade de resistir às agruras de estar-vivo. E embora o fim seja igual para tudo e todos - acabarmos em ruínas - devemos agradecer o facto de termos tido uma oportunidade de andar por este planeta magnífico.



O país está como estes muros, a minha vida profissional também, e não sei em que ombro vou chorar no futuro. 
A ironia é que "homens não choram", o que me deixa num beco sem saída.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Um par de horas em Cortegaça

                                                 CORTEGAÇA BEACH 



O par de horas escolhidas ao acaso para vir a esta freguesia foi arbitrário. Podia até nem ter acontecido, mas ainda bem que aconteceu.
Um dia espectacular merece o melhor: céu limpo, azul brilhante, mar sereno, como uma piscina, com a temperatura da água agradável, e belas meninas a brincarem com a bola por todo o lado.



Ao contrário do que tenho visto por aí, aqui a festa é rija. Quando cheguei à praia estava mesmo um carro dos bombeiros a instalar um gerador, para a banda que vai tocar hoje à noite, de costas para o mar.
Momentos como este são sempre abstractos (na minha concepção de ver o Mundo). Santos e santas, filhos de Deus, seres divinos? Hummm...
Tudo bem. Cada qual faz o que quer. 
Não tenho nada a ver com a mentalidade dos outros, nem com as suas opções religiosas.
Eu sou Budista, Xintoísta, animista!
Sou selvagem, e basta. 


    
Esta sapateira alienígena cospe raios gama. Veio do céu para iluminar a tua alma.


Há muito tempo que não via tantas formas de diversão juntas (de dia). E como a luz continua óptima, é excelente para a qualidade das imagens.


Enganado pelo tempo venho por acaso parar cedo no parque de diversões, bem recheado de brinquedos movediços, escorregadios, voadores e saltitantes, com música a condizer.
As luzes estão apagadas, mas os painéis fazem a festa a solo (sem subterfúgios): as aulas ainda não começaram, e isto está cheio de putos e mamãs, turistas e imigrantes.


Como se pode ver os putos pulam de contentamento, e toda a gente parece feliz e descontraída. Óptimo.


Cortegaça era uma aldeola de pescadores típica da Costa de Prata, perto do local onde nasci, e todas as outras aldeolas e vilarejos da área tinham um tipo de arquitectura similar, como vou passar a apresentar; a madeira era dos materiais mais preferidos na construção.
Esta caixa dava um bom cubículo para abancar nas férias, e para pescar. Não tenho paciência para pescar, mas há quem tenha. 


Esta, embora não sendo nada de extraordinário, é muito bonita. Pena é estar perdida no meio da confusão urbana.


Quando nasci, passear à beira-mar era uma beleza. As casas de madeira bem pintadas e personalizadas na carpintaria, eram um desopilante para os olhos. 
Havia limpeza e vaidade no que era seu, e as flores exibiam-se por todo o lado.
No areal haviam barcos de pesca, de madeira, garridamente pintados com dizeres pouco dignos. Provérbios picantes.


Dantes via-se a praia e o mar a partir das varandas superiores desta casa. Agora, na mesma direcção vê-se um grande paredão de rocha, com pontões e esporões a toda a volta.
Se não fosse esta contenção rochosa, a praia de Cortegaça já tinha completamente desaparecido há muitos anos.


Esta mansão de madeira em palafita ao lado do mar é indescritível. 
Sei que é duro viver no Inverno ao lado do mar, mas se tivesse esta propriedade era capaz de arriscar.
Local apropriado para ensaiar musica, poesia e curtir a multimédia do momento.

domingo, 6 de setembro de 2015

                                  NOVO ANO "FISCAL".    


         
Este a sair do forno sou eu e declaro aberto o Novo Ano de trabalho em 2015.
Trabalho é coisa que tenho tido, mas fora de contexto lucrativo; gasto os trocos que ganho em tintas e pincéis, e tento não morrer estúpido, o que cada vez se torna mais difícil de ultrapassar neste ambiente em que vivo. Nem a TV por cabo se aproveita.
Os Portugueses deviam de fazer o que sugere esta chaminé: enrabar os políticos, a Troyka e a CEE com ela, a rir e a olhar para a linha do horizonte.



Bem vindos ao meu estaminé. A frase do dia é: viva intensamente - se puder. 
Sinto que há esperança, não sei é onde.
O Chinêz com cara de "conquistador" parece querer levar a coisa a sério. Shit. Estou fodido. 
Fora o trabalho de merda que já me dá, vai acabar por tomar conta disto tudo. 
A cabeça que segura pode ser a tua. Ou então foges pelo topo da montanha e vais para o céu, congelado para a eternidade.
E claro que podes sempre levar com um asteróide inesperado vindo do nada. 
Se a musica não te agrada tenta fazer melhor.



Beringela - a comida dos sábios (de pele negra como a noite)é aconselhável. 
A saúde é muito importante e está directamente relacionada com a comida: somos o que comemos (e pouco mais). O resto é poluição.
A flor da beringela não é o que parece: tem espigões escondidos no meio do veludo; Chinese strategy. 



 Malagueta, pimento, piri-piri, picante, a expressão do Verão: escaldante e anti-cancerígeno. Eu adoro, e consumo à tonelada.



Estes putos reguilas são os candidatos a "Senhores da Costa de Prata" do próximo futuro. Pelo menos assim espero. Agarrados ao remo, pelo menos, já estão. E depois vi mais acrobacias estrondosas no equipamento.
O país precisa de ti - pescador. Candidata-te e goza a vida: só tens de trabalhar quatro meses no mar, e podes aproveitar o resto do ano na agricultura, na limpeza das florestas e nas colheitas.
A vida pode ser bela - se quiseres vergar o osso. Claro que o que querias eram vindimas. 
Até eu.



O Portuguêz esperto sempre que pode faz isto. Atira-se ao mar e tenta não ir na corrente.
A saúde, tão preciosa, precisa deste tipo de iniciativas. O desporto é extremamente importante para a manutenção da máquina humana e seu desempenho de qualidade.
Vida sem dor, longa ... É o que toda a gente quer.



O meu futuro é como o ponto de interrogação que desenhei no tecto quando comecei a decorar o espaço, pouco depois de abrir a porta (com a ajuda e colaboração dos amigos).
A restauração do Mandarim levou-me dezenas de horas em cima do escadote, e nunca pensei ir tão longe quando comecei. É prova mais do que evidente da falta de trabalho que tenho tido.
A minha salvação é não pagar renda. Enquanto o Chinêz enriquece com as regalias que tem, dadas pelo Estado Portuguêz.
O país está à venda a quem der mais. 
Depois de tudo vendido quem precisa de Estado? Dos políticos? Ou vamos acabar como o Tibete? Mais uma província da China (ou de Angola - dos pretos burros)? 
Onde está o orgulho nacional, a garra da nossa raça, perdida desde as grandes descobertas e ocupações territoriais pelo mundo inteiro?
A maior parte da sociedade é gorda. Pesada. Indolente. Acomodada. Parasita. Oportunista. Subsidiada. 
Venderam a sociedade por um pataco, os políticos tacanhos e interesseiros, e continuam a pregar que são os salvadores da pátria.
Eu não sou de cá. 
- O ditado diz - Se vês que não os vences, junta-te a eles.



Este é o retrato habitual que faço a mim mesmo depois das férias de Verão.
Pus o chapéu ao contrário sem querer, assim o Sol e a Lua ficaram directamente virados para o forno.
Espero estar suficientemente bem cozido para suportar o frio que se aproxima.


   
 E isto vai ser o próximo regresso às origens, depois de acabar com a restauração das últimas pinturas na grelha. 
Mas claro que o mais importante é ter sapatos, malas, sacos, casacos, mochilas e toda a espécie de bricolas ligadas ao artesanato, para arranjar, ou vou ao fundo de vez.