domingo, 9 de agosto de 2015

                                          AVEIRO   

                              LITTLE VÉNICE FROM PORTUGAL


 Devido à forte Nortada (e com gasolina no depósito) decidi de repente ir até Aveiro, ideia que (aliás) já tinha de há uns tempos para cá. E o que vi impressionou-me.


Apesar dos habituais percalços na estrada, cheguei à cidade ainda com boa luz. E aproveitei. Com tudo tão pintadinho e arranjado é fácil ser artista da "obra feita". Veja-se a qualidade desta habitação: superior para os olhos.


Nem duas horas aqui estive, mas como se pode ver voamos; eu e a garina. A cidade também não é grande, mas mudou imenso. Sobretudo a abordagem ao turismo, o maior trunfo à disposição dos espertos e arrojados em conviver com o Mundo.


Quando era puto esta era a cidade do bacalhau, e tinha uma frota de pesca digna desse nome. Agora só tem o sal que o conservava para o Inverno. E mesmo esse está em risco de "evaporar" de vez. Já ninguém quer trabalhar por gosto.


Quando andei aqui a fazer a recruta da tropa em 1978 não existia nada disto, e a cidade estava meio atolada na lama dos canais. Muito corremos nas margens do canal de baixo. Ao sol e à chuva todos os dias (menos no fim-de-semana) durante três meses: é por isso que tenho pernas fortes para correr e saltar por todo o lado "vite fait".


A recuperação deste tipo de imobiliário é fabulosa. Ainda bem que o fizeram. A arquitectura destes prédios é única no mundo.


Se compararmos um certo ângulo da Praça de S. Marcos de Veneza com este, veremos uma certa parecência (salvaguardadas as devidos proporções, claro). E o trabalho de calcetaria de basalto da calçada. 


Dá gosto viver com limpeza ambiental.
E o sal é um óptimo desinfectante.


No passado haviam aqui muitas fábrica que produziam louça e azulejos, que protegem as casas da humidade da região chamada de "Costa Brava", devido à Nortada gelada e implacável. Claro que a temática de base é a pesca. Mas produzem outros recursos para aquecer todo o ano.


E o recurso mais famoso da cidade é este: ovos moles. Especialidade feita como o nome diz e enfiada em barris de madeira pintada com barcos moliceiros, ou para carregar sal das salinas. Queria comprar um par para usar os barris na minha música folk (ou blues) mas quando saí de casa não sabia que ia parar a Aveiro e só tinha sete euros na carteira.


Estamos numa zona onde o canal era pestilento. É a prova que quando as pessoas querem alguma coisa, fazem-no, e conseguem. Neste caso, felizmente. Aveiro é uma cidade linda e alegre (sobretudo no Verão e com muito turismo). Vai uma voltinha de barco?


O arranjo paisagístico da cidade foi radical. Quando andei aqui na tropa, toda esta zona era um esgoto gigante a céu aberto fora da vista. Nem conhecia este canal. A mudança deixou-me boquiaberto. Sim senhor. Quem trabalha assim merece ser feliz (e deve ser).


Aqui estou naquela fase de assimilar o impensável.Há barcos de fundo chato por todo o lado carregados de turistas, e no parque de estacionamento vi roullotes com matrículas de vários países da Europa. Tudo muito plausível e descontraído. 


É remarcável a qualidade artística do azulejo da área. Mas será que ainda existem resquícios desse legado?


Pensa a estátua de bronze ao ver a multidão - "Esqueci-me do telemóvel em casa". - E sente-se deslocado só com os seus paus.


Tão depressa cheguei como parti, como estes turistas a passear nos canais. Mas foi muito agradável, e hei-de voltar. Toda esta área tem muito que ver - a Costa Nova.

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